Elogio fúnebre em memória de José Francisco Luís António “Colosso”

Elogio fúnebre em memória de José Francisco Luís António “Colosso”
Elogio fúnebre em memória de José Francisco Luís António “Colosso”

Na passada quinta-feira dia 07 de Agosto de 2025, às 20 horas e 15 minutos, partiu para o lugar da saudade José Francisco Luís António carinhosamente conhecido e tratado por todos aqueles que foram testemunhas da sua passagem por este nosso mundo dos vivos por “Colosso”, “Ti Colosso” ou Kota Colosso do Largo do Ambaca no São Paulo desta nossa eterna cidade de Luanda.

Cerca de seis anos depois, o Zé António, como também era conhecido e tratado, acabou assim por sucumbir a uma prolongada doença que o atormentava, literalmente, desde que foi vítima de um AVC em 2019. Acabou por ser também um verdadeiro Colosso nesta sua derradeira batalha pela vida que todos queremos eternizar.

Há 73 anos nascia nesta cidade de Luanda, no Bairro Sambizanga, no dia 15 de Fevereiro de 1952, José Francisco Luis António, filho de Francisco Luís Cafrique e de Francisca Alfredo Lemos.

Colosso fez a instrução primária em Luanda na Escola da Missão Evangélica, tendo prosseguido a sua relação com os livros e com os professores na então Escola Técnica Emidio Navarro onde completou o Ciclo Preparatório, para posteriormente concluir o Curso Geral do Comércio na Escola Comercial Vicente Ferreira.

A nível profissional após o estágio curricular muito antes de 25 de Abril 1974 emprega-se no IASA – Instituto da Acção Social de Angola, Inicialmente como professor e depois como secretário de um dos centros. 

Na sequência das profundas alterações políticas registadas em Lisboa depois do 25 de Abril com o derrube do regime colonial-fascista, o ano de 1974 entra para a vida de Colosso assim para a de milhões de angolanos, como o ano da mudança numa epopeia que viria a culminar a 11 de Novembro de 1975 com a Proclamação da nossa Independência.

Fruto da sua relação política com o MPLA que começara a germinar antes do 25 de Abril de 74 na clandestinidade dos grupos juvenis nacionalistas que se movimentam no Sambizanga, mas não só, Colosso torna-se um activo militante do Movimento então liderado por Agostinho Neto.
Em 74 lado dos seus companheiros da época, Colosso está na origem na criação da Comissão Popular do Bairro Sambizanga que é a primeira estrutura do poder popular criada em Luanda no âmbito da nova fase da mobilização política que então entrou em acção já com os olhos postos na conquista da Independência imediata.

Colosso - José Francisco Luís António

Desta relação com a Comissão Popular do Bairro Sambizanga nasce o projecto radiofónico Kudibanguela, que Colosso é um dos animadores, mas surge também a sua relação profissional com a própria Rádio Nacional numa altura em que ainda se chamava Emissora Oficial de Angola.

Colosso fez efectivamente parte activa desta história inicial da comunicação social angolana no pós 25 de Abril de 1974.

É nesta fase depois do regresso de Agostinho Neto a Luanda em Fevereiro de 1975 que Colosso mais alguns dos seus companheiros são enviados por orientação do próprio líder do MPLA para Brazzaville para a reactivarem o programa Angola Combatente a partir da Rádio Brazaville numa intervenção que se prolonga por dois ou três meses. 

Desta sua curta permanência em terras congolesas um dos seus companheiros de militância que viajou com ele de Luanda recorda-se que o que mais o impressionava no Colosso era sua calma permanente diante de todas as adversidades e mesmo quando a fome apertava.

Admitido em 75 no quadro técnico da Rádio Nacional, Zé António destaca-se como um dos principais pilares da sua Central Técnica de Programas, a famosa CTP, que era o coração da estação e da qual foi chefe de turno até Maio de 1977.

Colosso fez parte da equipa de técnicos e jornalistas que transmitiu as emoções da proclamação da independência nacional a 11 de Novembro de 1975.

Na sequência dos acontecimentos do 27 de Maio de 1977, Zé António é preso em Luanda uns meses depois, tendo permanecido na Casa de Reclusão antes de ser libertado em Setembro de 1979, numa altura em que já se encontrava desterrado no campo prisional do Tari na Quibala.
De regresso à liberdade, Colosso fez o seu percurso profissional desde então pelo sector empresarial, seja o público, como o privado, sendo rica e diversificada a sua intervenção como quadro dirigente e empresário.

No sector público o destaque vai, certamente, para o tempo que passou no sector das pescas.
Pela sua capacidade de trabalho, organização , responsabilidade e patriotismo, por sugestão expressa do então Presidente da República, José Eduardo dos Santos desempenhou as  funções de Director Geral da Edipesca Luanda UEE, tendo implementado com êxito, a política de estabilização de preços do pescado a nível nacional, conforme orientação do Governo na época.

Trabalhou com o então Ministro das Pescas Salomão Xirimbimbi (2003-2010) e da Agricultura e Pescas Pedro Canga (2010-2013), tendo posteriormente cessado as suas funções.

José Francisco Luís António deixa viúva e seis filhos.

Nesta hora difícil para todos nós que aqui nos reunimos para deixarmos o Zé António na sua última morada, as palavras faltam para completar com a necessária abrangência e profundidade este merecido elogio.

Cada um de nós, tem na sua memória uma imagem do que ele foi na relação que em vida com ele estabelecemos.

Cada um de nós saberá encontrar na sua lavra as melhores palavras que aqui não foram ditas para resumir a sua dimensão humana e afectiva, durante estes 73 anos que esteve por aqui, que foi um de nós.

Adeus amigo!


ASSOCIAÇÃO 27 DE MAIO


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