Declaração do bureau político do MPLA sobre o 27 de Maio

Declaração do bureau político do MPLA sobre o 27 de Maio

A história recente de Angola está recheada de factos e acontecimentos que tocaram profundamente várias gerações de angolanos.

O povo angolano foi e há-de continuar a ser o principal protagonista de todos estes factos que marcaram e marcarão a nossa história.

Depois de mais de quatro décadas sofridas por conflitos de varia ordem, guerras, destruição, excessos de vários tipos, e chegado o momento de caminharmos firmes e decididos na senda da responsabilidade, tolerância e, sobretudo, reconciliação de toda a família angolana.

DECLARAÇÃO DO BUREAU POLÍTICO DO MPLA
SOBRE O 27 DE MAIO

A história recente de Angola está recheada de factos e acontecimentos que tocaram profundamente várias gerações de angolanos.

O povo angolano foi e há-de continuar a ser o principal protagonista de todos estes factos que marcaram e marcarão a nossa história.

Depois de mais de quatro décadas sofridas por conflitos de varia ordem, guerras, destruição, excessos de vários tipos, e chegado o momento de caminharmos firmes e decididos na senda da responsabilidade, tolerância e, sobretudo, reconciliação de toda a família angolana.

A maturidade, o sentido de estado e o alto grau de responsabilidade e espírito de fraternidade e flexibilidade que os angolanos e as suas instituições atingiram, conduziram-nos a paz, a concórdia e a estabilidade política.

Os exemplos mais recentes que nos foram brindados com a finalização do conflito militar e com as manifestações de perdão, tolerância e reconciliação, são provas evidentes desta nova realidade.

Este foi, sem qual quer duvida, um caminho difícil de trilhar, desde o dia 11 de Novembro de 1975.

O MPLA não pode pois estar dissociado dos principais momentos nesta caminhada para a construção de um estado forte, com instituições credíveis, em que as liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos sejam asseguradas, consolidando e ampliando a democracia nos seus múltiplos aspectos.

Hoje, numa altura em que se assinala a passagem do vigésimo quinto ano sobre a data de 27 de maio de 1977, o MPLA não pode ficar indiferente a ela, manifestando a sua posição sobre este facto surgido no seu seio.

Com efeito, apenas um ano e meio após a conquista da independência nacional, numa altura em que as estruturas do partido se adaptavam a sua condição de força política dirigente do estado e da sociedade e quando as instituições do estado vinham sendo organizadas com vista a materialização do programa maior do MPLA, tiveram lugar os acontecimentos de 27 de Maio de 1977.

Os acontecimentos a volta do 27 de maio de 1977, marcaram assim, de forma bastante negativa, uma época da nossa história recente.

O MPLA acredita hoje, que a atitude de alguns dos seus militantes, que de forma organizada, conduziram uma acção de contestação aos órgãos de direcção do partido e do estado, utilizando componentes de violência com excessos visíveis, que culminaram com a subversão da ordem instituída, foi marcada por uma inadequada apreciação dos fenómenos políticos, económicos e sociais da época.

A reacção a esta acção, levada a cargo pelas competentes instituições para restabelecer a ordem, comportou também exageros, determinados igualmente pela incipiente organização e funcionamento das instituições de zelo dos seus principais agentes.

Neste sentido, o MPLA considera que foram a nação e o povo angolano quem perderam com todos estes episódios negativos. Por isso, em tempo oportuno retirou os ensinamentos deste e de outros processos de cisão, enveredando pelo caminho de transformações graduais internas na base do pluralismo e da reunificação, abandonado assim o selectivismo de classe e o monolitismo.

Deste modo, toda a nossa acção futura deve procurar sempre evitar que comportamentos e atitudes deste tipo possam, novamente, vir a ter lugar, quer nas instituições partidárias quer nas estaduais.

A prática democrática deve constituir o caminho ideal para que os angolanos possam exprimir as suas posições e faze-las prevalecer, qualquer que seja o seu posicionamento político, a sua condição social, credo religioso, origem étnica ou género.

O MPLA acredita estarem reunidas as condições para que os angolanos saibam assumir os seus erros e as suas virtudes, devendo estas prevalecer e ser devidamente reconhecidas.

A contribuição positiva prestada pelos patriotas angolanos na luta pela liberdade e afirmação de Angola, não pode, assim, ser ignorada.

Com relação a todos quanto de algum modo estiveram envolvidos nos acontecimentos em torno do 27 de Maio de 1977, o MPLA recomenda que as instituições do estado, com apoio da sociedade, continuem a trabalhar para que as consequências produzidas por estes acontecimentos não criem entraves ou dificuldades de qualquer natureza, ao exercício pleno dos direitos constituições e legais por qualquer cidadão.

Esta situação não deve, assim, servir para aproveitamentos políticos de qualquer espécie, pois, podem aparecer cidadãos que não tendo estado directamente envolvidos nas acções à volta dos acontecimentos do 27 de Maio de 1977 e das suas consequências, que queiram explorar e exacerbar tais factos, para estimular o ódio e a divisão entre os angolanos.

A nossa postura deve ser contrária a estes propósitos, de forma a caminharmos decididamente para um processo de reconciliação e unidade nacional, cada vez mais profundo e genuíno.

Ao virarmos mais está página da nossa história, devemos assumir o compromisso, perante o povo angolano e o mundo, de tudo fazermos para que Angola seja a pátria da liberdade, da tolerância, da democracia e da justiça.

Luanda, 26 de Maio de 2002

27 de Maio - 25 anos


Sugestões

9 Respostas

  1. M'o Patinho diz:

    Pergunta: Qual DEMOCRACIA?
    Resposta: Ahn, a do papel!!!

  2. Marilú diz:

    Sim, da justiça sobretudo pois então comecemos a tratar de julgar os criminosos responsáveis por esta chassina caso contrário será uma liberdade, tolerância e democracia falsa e o falso é muito perigoso.

  3. José Fuso diz:

    Estamos em vésperas do 29º aniversário do 27 de Maio e a caminho do 30º aniversário.O que nos dirá o Estado Angolano e o MPLA agora?

    Como irá o Estado curar as feridas da sociedade nesta matéria se nada fez desde 2002, altura em que parecia querer anunciar algo como se pode ler neste comunicado dessa data.

    Afinal é assim que se reforça o Estado de Direito? Que estado? Que Direito?

    Em honra à memória das vítimas desse massacre, exige-se que o tal Estado de Direito, crie uma Entidade Independente, que possa tratar estes “Acontecimentos” de forma isenta, como nos disseram em 2002 que iriam fazer…………

  4. Candida Brazao diz:

    Esta pagina nao pode ser virada enquanto os assassinos do 27 de Maio nao forem sentados no banco dos reus e julgados pelo tribunal internacional.
    Declaracoes nao adiantam nada!!!!!!!!!!!!!!

  5. António diz:

    “A história recente de Angola está recheada de factos e acontecimentos que tocaram profundamente várias gerações de angolanos”
    A contribuição positiva prestada pelos patriotas angolanos na luta pela liberdade e afirmação de Angola, não pode, assim, ser ignorada.
    Estes dois paragrafos comoveram-me e sientes de que estamos num país livre e democratico com liberdade de espressão pesso a direcção que liber os Certificados de Óbitos dos milhares de Angolanos que até então ainda não tiveram a sorte de os ter e que analizem bem o facto de este dia se vir a tornar um feriado nacional.
    Para um pátria livre e una. Viva Angola

  6. Maria Angélica Abreu diz:

    Só há dias ao ler “Sita Valles”de Leonor Figueiredo me apercebi dos acontecimentos do Maio de 77.Que decepção!!!!Que uma personalidade como o Dr Agostinho Neto tenha dito “Não perderemos tempo com julgamentos” ?! É preciso sentir-se muito culpado para não admitir que fez o que fez.Além de criminoso é também cobarde.

  7. Chico Pedro diz:

    O MPLA é comunista e nunca aceitará a democracia.
    Os homens que praticaram o 27 de Maio de 1977, nunca serão perdoados.

    …a vós martires do 27 de Maio, julgamos nós que a vossa pretenção de ver uma Angola justa e em paz, será seguida pelas novas gerações.

    Oi morreremos todos, ou então estes tipos devem abandonarem o poder.

    O TPI deve começar a caçar estes, tipos. Julgo tambem que deve-se criar um banco de dados onde todos quantos perderam os seus familiares, inscrevem os nomes dos desaparecidos e começar um processo de divulgação massissa a toda angola de cabinda ao cunene

  8. revoltado55 diz:

    O MPLA e um clube de mentirosos. Nada fizeram ate agora e estamos em 2011

  9. angola livre diz:

    o mpla nao e nunca foi democratico,na sua caca peli homem ao volta de 27 ao 28 de maio,nao so em luanda onde ouve a morte de cidadoes, sendo Nito Alves de regiao de dembos ouve um grande bombardeamento na provincia de mbaza kongo por onde tambem eu perdi familhares e amigos,como e que se deve fazer isso so pela precura de uma pessoa deves bombardear a uma cidade enteira? Dr Antonio augostinho Neto nao foi boa pessoa, quando um dia cair o regime teremos que retirar todas as estatuas deste homem ipocritas que atre hoje a geracao actual nao sabem o que se passou no dia 27 de maio 1977 Jose Eduardo DOS Santos como chefe dos inqueritos sobre o fraccionismo tambem alem da corrupcao iras responder sobre a morte de tantos angolanos no dia 27 de maio de 1977

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