Um dos condenados pelo assassinato de Víctor Jara suicida-se
Um dos sete condenados pelo homicídio do cantor chileno Víctor Jara, o oficial aposentado Hernán Chacón Soto, suicidou-se terça-feira em casa quando as autoridades o iam conduzir à prisão para cumprir uma pena de 25 anos.
Segundo o promotor Claudio Suazo, o incidente ocorreu quando agentes da Brigada de Direitos Humanos da Polícia de Investigação (PDI) se apresentaram na casa do brigadeiro aposentado, de 86 anos, para notificá-lo da decisão judicial e transferi-lo para a prisão de Punta Peuco, onde deveria cumprir uma pena de 25 anos, pelos assassinatos de Jara e Quiroga, 15 anos por assassinato e dez anos por sequestro agravado.
“O morador no imóvel pegou numa arma de fogo e fez um disparo que lhe provocou a morte“, contou Suazo, antes de explicar que minutos depois a Brigada de Homicídios e o Laboratório Criminal da PDI chegaram ao local para fazer perícias, descartando o envolvimento de terceiros.
O chefe da Brigada de Homicídios, Óscar Álvarado, informou que a arma estava devidamente registada em nome de Chacón, que terá pedido aos polícias para tomar um medicamento, momento que aproveitou para tirar a própria vida.
A defesa de Chacón Soto argumentou durante o julgamento que o brigadeiro era, naqueles dias de repressão brutal, após o golpe liderado por Augusto Pinochet e outros altos comandantes, um simples major do exército que cumpria apenas a função de guardar o perímetro exterior do Estádio do Chile, um complexo desportivo fechado onde se amontoaram cerca de 5.000 pessoas após o 11 de setembro e onde cinco dias depois Jara foi morto.
No entanto, a sentença anunciada na segunda-feira afirma que Chacón tinha conhecimentos táticos e de inteligência, “condições que lhe permitiram intervir diretamente no desenvolvimento dos interrogatórios” que tiveram lugar nos balneários, “bem como no processo prévio de classificação dos detidos“.
“Vários testemunhos corroboram que participou nos trabalhos de seleção, dando conta dos mesmos aos seus superiores hierárquicos, razão pela qual as suas declarações não são credíveis nem plausíveis, na medida em que apenas afirmou ter vigiado o perímetro exterior do recinto, funções que não se coadunam com a sua elevada patente, nem com os vários elementos de convicção reunidos“, acrescenta a sentença.
O tribunal concluiu que o suspeito era portador, na ocasião, de uma pistola STEYR com um calibre de nove milímetros, compatível com os ferimentos que provocaram a morte a Víctor Jara e Littré Quiroga.
DN / Lusa