Apelo aos sobreviventes, familiares e amigos das vítimas de 27 de Maio de 1977
Nós, signatários da carta aberta ao Presidente da República de Angola enviada a 27 de Maio de 2003, manifestamos a nossa mágoa e indignação pela ausência de resposta às nossas solicitações.
Nessa carta, propunhamos a criação de uma entidade independente com as seguintes atribuições: ser a fiel depositária de todos os documentos constantes dos processos em arquivo; elaborar o recenseamento de todos os cidadãos detidos, presos e executados; proceder à remoção dos restos mortais das vítimas e emissão das respectivas certidões de óbito; dar reparação a todos os lesados; orientar e liderar o projecto de construção de um memorial em honra de todos os desaparecidos, sem excepção, naqueles acontecimentos.
Os órgãos de soberania Angolanos, não se mostraram até agora interessados em cooperar nesta árdua tarefa da demanda da verdade histórica, o que esperamos venha a acontecer. Consideramos contudo ser nosso dever irrenunciável prosseguir e, por isto, neste aniversário dos 27 anos vimos uma vez mais lembrar para jamais esquecer. Reiteramos o desígnio de continuar a luta pelo direito à reposição da verdade e à necessidade de dar sepultura digna aos nossos familiares, camaradas e amigos.
Não há futuro se não houver memória. Na história do nosso País, inerente ao 27 de Maio de 1977, terão que ser clarificadas as circunstâncias das perseguições, das prisões arbitrárias, das práticas da tortura e das “execuções” sumárias. Recordamos, assim, aos sobreviventes, familiares e amigos – independentemente do seu estatuto actual – o dever de perguntarem como nós: onde está o meu amigo(a), irmão(ã), filho(a), sobrinho(a), primo(a), marido, mulher ou camarada ?
Entretanto, uma geração de mães e pais quase desapareceu sem ter tido o direito de sepultar os seus entes queridos e de conhecer a verdade. Filhos houve a quem foi negado o convívio com os pais e o privilégio de conhecer o seu paradeiro. Não se trata tão somente de uma questão humanitária, mas também do contributo para a verdadeira história do nosso País, e desse, não desistiremos nunca.
Lisboa, 27 de Maio de 2004
Bons dias…mesmo em dor e luto. quero deixar aqui tambem o nome de um tio meu q desapareceu no 27 de maio de 1977. Nome Antonio(Tony) Divengle. morava no bairro neves bendinha ex-popular. Filho de Ambfrosio Divengle, e neto do duque de bamba Ambrosio Divengle.
Muito obrigado
Patrice
Hoje 27 Maio de 2009 morreu em Luanda uma Mãe de um jovem que desapareceu devido aos acontecimentos de 27 Maio de 1977.
Pude testemunhar desde então a sua profunda agonia, a sua revolta silenciosa, os seus olhos sempre tristes.
Como esta minha amiga, milhares de famílias continuam sem nada saberem dos seus entes queridos.
Eu tinha 14 anos na altura dos acontecimentos e vivia em Benguela. Perdi o meu amigo Carlitos, o seu sorriso e o seu poema que falava de uma palmeira livre.
O meu pai gostaria mto de saber sobre ele tbem
desapareceu no 27 de maio quando eu tinha apenas 9 meses de idade chamava se Miguel Ângelo Marques de Pitta Simões.