Justiça chilena condena 9 militares pela morte do ativista Victor Jara em 1973

Durante a ditadura de Pinochet, segundo dados oficiais, cerca de 3200 chilenos foram assassinados por agentes do Estado

O presidente chileno Sebastian Pinera – Foto – © EPA/Alberto

A justiça chilena condenou esta terça-feira nove militares pelo assassínio do ativista Victor Jara e do então diretor de prisões, Littré Quiroga, crimes perpetrados em setembro de 1973, no início da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

Segundo a decisão do juiz Miguel Vazquez, oito dos militares, identificados como Hugo Sánchez, Raúl Jofré, Edwin Dimteri, Nelson Haase, Ernesto Bethke, Juan Jara, Hernán Chacón e Patrício Vásquez, foram condenados a penas de 15 anos e um dia na qualidade de autores dos homicídios.

Foram também condenados a mais três anos de prisão, como autores do delito de sequestro simples de ambas as vítimas, segundo a informação entregue pelo poder judicial.

Por outro lado, o ex-oficial Rolando Melo deverá passar cinco anos e um dia na prisão por encobrimento dos homicídios e mais 61 dias por encobrimento dos sequestros.

As investigações ordenadas pelo magistrado apuraram que as vítimas foram detidas entre 11 e 12 de setembro de 1973 e transportadas para o Estádio Chile, onde foram torturadas em diversas ocasiões pelos militares.

Em 15 de setembro, todos os detidos que estavam neste recinto foram transferidos para o Estádio Nacional, mas os militares deixaram Jara e Quiroga no outro, onde os assassinaram.

Jara, a quem os militares trituraram os dedos com as culatras das armas, foi alvejado 44 vezes, enquanto Quiroga apresentava 23 impactos de bala.

Logo depois, os corpos de Jara e Quiroga foram lançados para a via pública, juntamente com os cadáveres de outras pessoas, de identidade desconhecida, mortas também a tiro.

Todos os corpos foram encontrados em 16 de setembro de 1973 nas proximidades do cemitério metropolitano, na capital chilena, num terreno baldio próximo da linha férrea, sendo imediatamente reconhecidos quando os respetivos rostos foram limpos.

Durante a ditadura de Pinochet, segundo dados oficiais, cerca de 3.200 chilenos foram assassinados por agentes do Estado, dos quais 1.192 figuram ainda como detidos desaparecidos, e outros 33 mil foram torturados e detidos por causas políticas.

Víctor Lidio Jara Martínez foi um professor, diretor de teatro, poeta, cantor, compositor, músico e
ativista político chileno.

DN / Lusa


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