Ossadas e Condecorações – Até Quando as Mentiras do MPLA e a Desfaçatez da CIVICOP?

Ossadas e Condecorações – Até Quando as Mentiras do MPLA e a Desfaçatez da CIVICOP?

No passado dia 21 de março, o Professor Doutor Duarte Nuno Vieira, expôs aos familiares dos desaparecidos e aos sobreviventes, em Lisboa, as conclusões da peritagem feita às amostras ósseas que foram entregues à equipa forense Portuguesa que se deslocou a Angola de acordo com protocolo entre os dois governos. Supostamente aquelas amostras ósseas seriam pertencentes às vítimas do processo do “27 de Maio “, citadas pelo general João Lourenço, aquando do seu discurso de 26 de Maio de 2021. Essa peritagem concluiu que não há qualquer correspondência entre essas amostras e as supostas vítimas.

Que explicação tem a CIVICOP para isto? 

Essa CIVICOP, que foi tão lesta a encontrar, identificar e fazer os funerais com Honras de Estado a Nito Alves, Monstro Imortal, Shianouk e Ramalhete, com todo o enquadramento mediático necessário para tentar fazer passar para o povo angolano a ideia de que a reconciliação e o perdão tinham sido alcançados e estava terminado o processo, como explica isto?

Para além de não terem sido respeitados os procedimentos recomendados pela antropologia forense por parte da CIVICOP, de não terem sido integrados no processo as famílias, sobreviventes e instituições internacionais independentes (que têm esse direito) e de, em Angola, não haver capacidade para identificação de ADN em ossos, as diferentes associações legitimas ligadas ao 27 de Maio questionaram o conteúdo das urnas entregues às famílias das citadas vítimas.Não houve seriedade nem transparência. Não é assim que, se “põe fim à angústia que as famílias carregam consigo “como proferiu o general João Lourenço no citado discurso.

 A CIVICOP não pode entregar o que não tem: sabem isso, desde o primeiro dia. Há testemunhas de que corpos foram atirados ao mar. A CIVICOP não foi criada para esclarecer o que se passou de facto no processo do “27 de Maio“, esclarecimento esse fundamental para se chegar a uma reconciliação.  Se a intenção fosse essa, deveria ter sido criada uma COMISSÃO DE VERDADE, coisa que foi sempre negada e continua a ser, por ser uma verdade inconveniente. A CIVICOP foi criada com o objetivo exclusivo de encobrir os crimes cometidos e desresponsabilizar o MPLA, branqueando assim a sua imagem de violador dos direitos humanos.

Condecorações a criminosos? 

No passado dia 4 de Abril de 2023, Dia da Paz, o general João Lourenço condecorou diversas personalidades que se destacaram na luta pela independência nacional, pela paz, pela democracia e reconciliação nacional, deixando um legado para que a Nação orgulhosamente possa rever- se nas ações pelos mesmos desenvolvidas “.

Será que esta reconciliação é a mesma que discutimos anteriormente, mas transferida para o outro plano? Que ligação há entre uma e outra? Declarar que os carrascos também são vítimas é o mesmo que pôr Nito Alves e Carlos Jorge, vítimas e torcionários, no mesmo saco? A trapaça prossegue a bom ritmo, sem dúvida. Que critérios de seleção foram utilizados? Não há critério nenhum: são listas atabalhoadas, díspares, disparatadas, injustificadas e injustas como diz o tenente-general na reserva Mário Afonso de Almeida, Kasesa. 

Pretende-se com isso limpar a imagem desses algozes? O objetivo desta confusão toda, é fazer passar a imagem desses facínoras como tendo contribuído para a paz, democracia e reconciliação, misturando-os com outros que efetivamente o fizeram. 

Através de quê? Através de “acções de que a Nação orgulhosamente se possa rever“

E que ações foram essas? – submetendo a torturas e ao horror da morte que tiveram impiedosamente, dezenas de milhar de pessoas, sem o mínimo respeito pela vida humana e pelos direitos humanos e que jazem 45 anos depois em parte incerta. 

São os exemplos desses facínoras que a Nação orgulhosamente deve seguir? Esses algozes não merecem qualquer condecoração, merecem sim retratar-se e submeter-se à justiça, no âmbito de uma Comissão de Verdade, assumindo perante o povo angolano, as práticas criminosas que tiveram no passado e pelo rasto de morte e desgraça que deixaram às gerações que perderam os seus pais e familiares.

Dr. Carlos Cavaleiro na 1ª Região em 1974

27 de Maio - 45 anos

Pela Associação 27 de Maio
Carlos Cavaleiro
(Médico na 1ª Região politíco Militar do MPLA)


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