Sobrevivente lança livro sobre o “27 de Maio”
O trigésimo aniversário do 27 de Maio de 1977 foi assinalado em Luanda, com um almoço de confraternização, numa iniciativa de um grupo de antigos presos políticos, aberta a todos quantos foram afectados pelos acontecimentos registados naquela época. Esta terceira edição do “Almoço Evocativo do 27 de Maio” serviu de palco para o lançamento do livro “Nuvem Negra – Drama do 27 de Maio de 1977″, da autoria de Miguel Francisco, um advogado que também é militante do MPLA.
No dia 27 de Maio de 1977, Angola viveu um dos momentos mais trágicos da sua história, com a tentativa de golpe de Estado liderada por Nito Alves e José Van Dúnem, dois membros do Comité Central do MPLA, que tinham sido acusados de fraccionismo pelo partido presidido por Agostinho Neto.
Até agora, à versão oficial dos acontecimentos, apenas se tinham contraposto relatos dispersos de sobreviventes, que todos os anos assinalam a data e prestam homenagem aos desaparecidos.
Esta semana, foi publicado o primeiro livro sobre os acontecimentos, que se seguiram ao 27 de Maio, contados por um sobrevivente.
Esclarecer a verdade
Miguel Francisco, advogado, militante do MPLA, antigo prisioneiro do 27 de Maio, é o autor de “Nuvem Negra – Drama do 27 de Maio de 1977″, que traz a público uma versão, cujo objectivo, segundo ele mesmo diz, é o esclarecimento da verdade.
Neste livro, Miguel Francisco, vulgarmente conhecido por Michel, propõe a sua versão de sobrevivente dos campos de concentração criados na altura para acolher os alegados implicados na tentativa de golpe.
Este é o primeiro livro do género, que vem quebrar o quase monopólio da versão oficial dos acontecimentos.
Em declarações à BBC Michel refere-se ao “campo de concentração” em que esteve detido na província do Moxico, como tendo sido “criado exclusivamente para reprimir pessoas que até nem tinha nada a ver com isso.
Inocentes
“A maior parte das pessoas que sofreram naquele campo, que está relatado no livro, são pessoas inocentes. E morreram muitas, dezenas centenas de pessoas, vistas por mim”, acrescenta Michel.
O autor diz que considerou ser seu dever dar o seu testemunho para que “as gerações mais novas desta Angola saibam do que realmente se passou depois do 27 de Maio” para avaliarem a maneira como as coisas se passaram depois do 27 de Maio.
Para o autor de “Nuvem Negra – Drama do 27 de Maio de 1977″, o processo de reconciliação nacional que se vive em Angola “passa necessariamente pelo esclarecimento da verdade e por uma espécie de catarse em que cada um, de uma parte e de outra, seja capaz de vir a público reconhecer que houve erros”, e sublinha: “erros graves que lesaram de forma profunda o tecido desta comunidade que é o Estado angolano, e a população angolana.”
Militante do MPLA, Miguel Francisco diz que não considerou esse factor como um impedimento à publicação do livro, e que ser militante do MPLA “não significa crucificar a minha consciência para agradar ao meu partido.“
“Nuvem Negra – Drama do 27 de Maior 1977″, apara além de relatar os factos do ponto de vista de um sobrevivente não deixa de identificar os seus intervenientes seja da parte dos detidos seja da parte dos repressores ”Tudo o que vi, tudo o que senti, está lá no livro”, conclui Miguel Francisco
José Reis
Fevereiro 2008
Como foi possível isto acontecer qdo todos quriamos uma Angola livre e independente e veio esta repressão toda….. fomos amarrados e silenciados ….só agora estamos a acordaar deste pesadelo . Temos de formar um movimento cívico para reclamar os direitos humanos (Angola neste momento é membro dos direitos humanos no mundo por isso o governo e o seu presidente têm a obrigação de nos dar respostas sobre este assunto e formar uma comissão de reconciliãção e pedir desculpas ao povo angolano pelo que nos fizeram , sim porque se houve golpe de estado quem o fez foram os do governo da altura). Juntemos forças e exigemos o reconhecimento das atrocidades que o governo de 77 e o seu presidente Agostinho Neto , principais orquestradore desta matamça. Foram-se 30.000 jovens, mais que no Chile. Acordem e lutem pelos vossos direitos.
O livro está à venda nas livrarias: escolar, bertrand e na Fnac em lisboa , a editora é a Clássica , boa leitura
Soube que o livro está à venda em luanda, na liv. Lello, e em Lisboa nas livrarias Bertrand, Fnac, e Escolar.
Onde posso pegar este livro !!?