Juntos à volta da mesa
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A consciência é por ventura o dom mais admirável que o homem possui. Essa razão pensante, capaz de regressar ao passado, por mais distante que esteja, socorrendo-se quantas vezes de sonhos e fantasias, é também arrojada para penetrar audaciosamente nos incertos trilhos do futuro.
Vinte e oito anos é quase a metade das nossas vidas, duma metade que nasceu com a incerteza, que viveu na hesitação e que permanece na dúvida. Voltar à incerteza é recuar à aventura passada que tantas marcas deixou nas decisões vindouras, mas que na constância da dúvida nos obriga a viver, a recordar e a não esquecer.
Sentar à mesma mesa, nem que seja uma só vez por ano, os ainda detentores da memória, aqueles a quem a consciência não pesa mas à qual um peso esmaga, é sobejamente um acto de grande dignidade que merece ser incentivado, mantido e continuado.
Todos juntos à volta da mesa, pela memória dos ausentes, façamos um brinde à clarificação do passado.
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José Reis
Fevereiro 2008