Rui Coelho (1952 – 1977)
Vou tentar escrever algumas páginas sobre o Rui, na forma que me for possível. Vão escapar-me muitos detalhes, muitos, mas prometi que o faria porque acima de tudo para mim é uma oportunidade de poder prestar homenagem à sua memória.
Quero no entanto deixar claro que o vou fazer com uma condição: de que seja num estilo simples, sem técnicas, imagino que as biografias tenham uma apresentação própria. Tenho a certeza de que o Rui me vai desculpar pelas omissões involuntárias. Dizem que quando alguém passa por um choque emocional grande, o organismo defende-se apagando traços das memórias?! Que fique claro também, que a minha admiração pelo Rui não se resume apenas nestas palavras que se seguirão. Faço votos para que os amigos o recordem com alegria.
RUI COELHO 1952 – 1977
Foi a 21 de Março de 1952 que nasceu na Catumbela o RUI JOSÉ PINTO DE MATOS COELHO, Zeca para a família, o 3º dos seis irmãos.
Dos relatos familiares constam histórias, brincadeiras e convívios absolutamente saudáveis e próprios de uma infância e adolescência felizes.
Tinha ele uns 15/16 anos quando se iniciou entre nós uma amizade profunda. Ambos preenchíamos as tardes de sábado a catalogar os livros que se destinavam a pôr de pé a biblioteca da J.E.C. A nossa missão era a de organizá-los por temas, colocar um autocolante na lombada e numerá-los. Foi assim, a falar sobre livros que nos conhecemos.
O Rui tinha um espírito desembaraçado, sorridente, olhar observador, inteligência q.b., naturalidade e muito humor. Vestia sempre com simplicidade, calça, camisa desportiva e sandália. No liceu foi sempre aluno brilhante. Fascinava-me a facilidade com que lidava com a Matemática e com o Inglês. Digo isto porque para mim, só se podia ser bom ou a letras, ou a ciências, mas ele tinha um duplo dote. Tinha uma cultura geral fora da média. Quantas vezes aconteceu, estarmos de volta dos livros a colar etiquetas e os olhos dele a lerem sempre qualquer coisa e, lá vinha com perguntas – sabes o que é BROS? Brothers em estilo comercial, dizia de seguida. E deixava-me a olhar para ele com cara de espanto.
Eu fui para Lisboa no ano em que ele ía frequentar o 7º ano, no L.A.L.A. Durante esse ano lectivo não nos contactámos.
Terminou o Liceu em 1969 e no ano lectivo de 69-70 matriculou-se na Faculdade de Direito de Lisboa. O episódio que se segue foi de génio. Antes de sair do Lobito foi ter com os meus pais para se despedir deles, mas sobretudo para lhes perguntar se não queriam nada para a filha. Com este pretexto ficava a saber onde eu residia. Realmente entregou-me uns livros e um envelope com dinheiro que generosamente os meus pais lhe tinham confiado.
É a partir de 1969, já na Universidade, que nos passámos a namorar Em Lisboa, a sua personalidade cresceu. A par das aulas que tentava frequentar envolveu-se em actividades estudantis. Em actividades de luta por uma sociedade mais justa e, por um ensino mais justo. Envolveu-se em actividades associativas. Acreditou que podia mudar o mundo. Participou, também, em muitas sessões e debates académicos.
Estudava ora em casa, ora em esplanadas. Sublinhava as sebentas meticulosamente, página a página. Esta prática em nada o tornava diferente dos outros mas pelo cuidado com que o fazia, percebia-se bem a forma ordenada com que as arrumava na memória. Gostava muito de música e ouvia-a com agrado (sobretudo jazz) embora não conseguisse cantar uma nota afinada. Lia, muito e depressa. As suas preferências literárias levavam-no a passar horas na Livrelco, a livraria mais progressista, na altura. As leituras passaram a girar à volta dos temas sobre O Capitalismo, O Socialismo, O Marxismo, as Lutas Proletárias, O Imperialismo, etc. Eu começava a ter consciência do quanto este conhecimento era importante para ele e na transformação intelectual por que estava a passar.
Na sua cabeça começou a crescer a ideia de regressar a Angola, o que fez em finais de 1973. Era então finalista. Eu, entretanto, tinha decidido ir para Londres treinar o inglês durante uns tempos.
O que recordo, desta época, com grande afecto, foi a visita quase de surpresa que ele me fez a Londres em 2 de Março de 1974. Nesta altura ele já se tinha instalado em Luanda e a notícia de que iria a Londres fez-me a pessoa mais feliz do mundo. Lembro-me que lhe contei a minha ida ao HAIR, o Rock Musical. Nesse ano quando fiz anos ofereceu-me o LP.
Decididamente por causa do seu regresso a Angola, mais concretamente para Luanda, não terminou os estudos. Faltava-lhe uma cadeira ou duas para terminar o curso de Direito Deu início assim à primeira etapa da uma carreira profissional como professor na Escola Comercial Vicente Ferreira.
Eu regressei, de barco a Angola uns dias mais tarde. Deu-se o 25 Abril de 1974 quando navegava há 3 dias no mar alto. A bordo pouco ou nada se comentou, pairou no ar como uma estranha noticia e, pouco mais. Quando o barco atracou em Luanda, o Rui estava à minha espera e com uma alegria contida falou-me dos acontecimentos de Lisboa. Aquele acontecimento em nada tinha alterado as boas vindas habituais com que os navios eram saudados quando chegavam aos portos das antigas províncias ultramarinas: o hino “Angola é Nossa” ecoava indiferente, através dos altifalantes.
Fui viver com o Rui para Luanda nesse ano e juntei-me ao corpo docente da escola do qual ele então fazia parte.
Casámos em Abril de 1975, no Lobito. Era avesso a formalidades e, mesmo sabendo do desgosto da mãe casou com o fato de lã castanho com fantasias que era de Inverno (do tempo de Lisboa). Eu consegui contudo convencê-lo a comprar uma camisa branca, que ambos escolhemos em Luanda.
Em Luanda continuou a sua actividade como professor na Escola 1º de Maio, ex Vicente Ferreira, até final de 1975 e a completá-la dinamizava com muito empenho o seu grupo d’acção. Pela sua dedicação e segurança ele tinha sido nomeado o presidente da mesa do comité de professores. Quando intervinha era muito seguro e inspirava autoridade.
Mal passou a euforia dos festejos da independência não descansou enquanto não tratou do Bilhete de Identidade como cidadão da República Popular de Angola. E a 28 de Janeiro de 1976 o Director dos Serviços de Identificação certificava-lhe a sua nova cidadania.
No início de 1976 não sei precisar melhor, saiu da escola e foi trabalhar para o Ministério da Administração Interna como Director do Gabinete de Estudos. Foi a segunda etapa da sua vida profissional.
Como técnico deste Ministério fez a sua primeira saída de Angola em Junho de 1976. Destino Portugal. Também foi a Cuba na mesma qualidade. Desta sua viagem, falou-me com entusiasmo sobre Havana, sobre o ensino cubano, e sobre o orgulho que os cubanos sentiam pela sua revolução. Na bagagem trouxe alguns charutos, mas eu nunca lhe vi grande jeito para os fumar.
A nossa vida matrimonial foi igual a tantas outras. A notícia de que ía ser pai, celebrou-a divertidamente acendendo um charuto havano. Talvez tenha sido esta a única vez que tenha apurado a técnica para o acender e saborear.
Estava já eu no 6º mês de gravidez, quando ele foi à Argélia. No dia 23 de Maio de 1977 deslocou-se em serviço a este país africano. Curiosamente o seu passaporte caducava a 28 de Maio, como constatei mais tarde.
Quando regressou a 01 de Junho, a tragédia de 27 de Maio ainda estava na ordem do dia a marcar a situação política. Eu sabia que era impossível ir buscá-lo ao aeroporto, por isso, aguardava-o com ansiedade, em casa.
Quando chegou trazia o rosto carregado pelos acontecimentos. Comunicou-me que lhe tinham roubado a carteira à chegada ao aeroporto. Percebi que estava muito intranquilo. Achou mais prudente ir passar a noite fora para se inteirar de tudo. Eu pouco ou nada lhe sabia contar, para lá do que tinha visto na televisão e, sentia-me aterrorizada. A atmosfera de horror foi porém amenizada quando me deu um presente que me tinha trazido de Argel. Era uma caixa com roupa de bebé que incluía também um biberão. Naquele momento achei que aquele tamanho de roupa não serviria a bebé nenhum do mundo. Contudo, não lho disse e, preferi deixar tal comentário para outra ocasião. Quanto ao biberão de plástico pareceu-me mais ter saído de um conjunto de brinquedos de bonecas. A realidade é que fazia parte daquele conjunto.
No dia seguinte – 2 de Junho – vieram buscar-nos a casa. Dois soldados armados de metralhadora exigiram que fossemos com eles, conforme estávamos. Arrecadámos, no entanto numa bolsa, uns objectos de higiene pessoal.
Levaram-nos para o Ministério da Administração Interna. Ali permanecemos num corredor em jeito de varanda que dava para um pátio interior. Permanecemos lá toda a tarde, sentados num banco. Nas horas que ali estivemos falámos pouco.
Estávamos horrivelmente destroçados. Tentávamos dissipar a nossa tristeza fazendo projectos a curto prazo. Assim, combinámos que o bebé se fosse menino se chamaria Rui. Não chegámos a acordo se fosse menina.
Pediu-me que eu voltasse para Portugal logo que pudesse. Pediu-me, também, que lhe levasse as sebentas da Faculdade para ir estudando, para enfim, acabar o curso. Perguntei-lhe, então, como é que eu lhe podia fazer chegar os livros se me estava a mandar para Portugal! Ficou calado. Percebi que estava a tentar proteger-nos. Era já noite quando nos foram buscar e nos meteram num cubículo escuro. Apercebemo-nos que mais alguém coabitava aquele espaço, mas não ousámos saber quem era. Pela madrugada levaram-nos para a cadeia de S. Paulo.
A separação de homens para um lado, mulheres para o outro afastou-nos definitivamente um do outro e ele nunca mais me viu. Friso este facto porque uns dias mais tarde, não sei precisar em que dia, eu vi-o na televisão, a fazer uma confissão pública inesperada, deixando supor o clima de ameaça a que estava a ser submetido. O último gesto que do Rui, guardo na memória, foi quando tirou o cinto das calças. Pelos vistos não eram permitidos cintos nas celas da cadeia de S.Paulo. O cinto deixou-o ali, à entrada, aos soldados que nos revistavam.
Uma noite qualquer estava eu em casa quando me bateu à porta um “amigo”. Era também do Lobito. Cumprimentei-o alegremente – pois, pensava eu – trazia notícias do Rui. Trazia-me, a carteira do Rui que lhe tinha desaparecido no aeroporto aquando da chegada da Argélia.
Lembro-me que fiquei a tremer dos pés à cabeça. Sentei-me baralhada. Às perguntas cínicas que me fez, a todas elas, eu respondi com dificuldade. Parecia que o meu cérebro tinha bloqueado e que de repente me tinha esquecido de tudo. Como é que era possível ele ser um DISA! Sem qualquer compaixão pediu-me para conferir o conteúdo da carteira. Tinha os documentos, as canetas, e pequenos objectos de escritório.
Perguntou-me, depois, se eu precisava de alguma coisa ao que respondi, com raiva, com um grande NÂO. A partir daquele momento percebi que algo de errado tinha acontecido e, pressenti que algo de errado estava para acontecer.
Os dias passavam devagar e, as notícias sobre o paradeiro do Rui chegavam-me timidamente e sem ter a certeza de que provinham de fonte fidedigna. Não estava em S. Paulo! Estaria na Fortaleza, ou não?
A verdade é que nunca consegui saber se ele tinha tido conhecimento de que no dia 15 de Agosto de 1977 às 20h30 tinha sido pai de um rapaz.
Os dias continuavam a passar e a minha obsessão por ter notícias sobre o Rui levaram-me ao Ministério da Administração Interna. Pedi uma audiência ao Ministro ou a alguém que o substituísse. Não consegui à primeira, mas, consegui à segunda! Foi então que, recebi a notícia que eu nunca queria ter ouvido. Ouvi-a lá num gabinete, quando me sentei à frente de uma secretária onde estava sentado alguém que se fingia muito educado, muito sentido, e lamentando-se por me estar a confirmar o falecimento do meu marido.
Já estávamos no ano de 1978 quando se conseguiu a Certidão de Narrativa Completa de Registo de Óbito.
… Que diz:“ No dia dois de Junho de mil novecentos e setenta e sete, no concelho de Luanda, faleceu Rui José Pinto de Matos Coelho, natural de Catumbela, Lobito, filho de Luís Armando Coelho e de Maria da Conceição Pinto de Matos Coelho, no estado de casado, com Maria Emília M.F. Coelho. À margem do registo constam os averbamentos seguintes: nada consta”
Maria Emília Galhardo
Viúva de Rui Coelho
Não é fácil falar do Rui (e outros), a quem a vida foi roubada da forma mais egoísta e cruel que existe, da mesma forma, que não me foi fácil dialogar – em silêncio – durante todos estes anos, com a minha irmâ. Para ela, a dor não foi opcional e o sofrimento inevitável, o futuro foi-lhe igualmente roubado de forma bruta e irracional. Recordemos todos, a memória do Rui e o respeito por tudo aquilo em que acreditámos.
Curvo-me perante a tua memória, meu amigo. Sê feliz, onde quer que estejas.
Um beijinho muito grande, Mila e Rui Júnior.
Para ti, Zé Tó, um muito especial.
Não conheci o Rui, mas conheço o irmão, Victor, meu amigo, que em tempos me contou o sucedido.
É para que algo de bom possa acontecer a muitos, que alguns se sacrificam. O Rui Coelho pertence a este ultimo grupo. Sacrificou-se, como alguns outros, para que o povo Angolano possa estar agora em Paz; ou quase. Para ele e todos os que se sacrificaram, um bem haja, e que isso possa trazer-nos uma lição de Paz e Esperança.
Sinto que tinha conhecido o Rui pela descrição do irmão e não posso deixar de registar minha palavra sentida em homenagem aos que partiram e a memória que deixaram aos que ficaram.
Não conheci o Zeca mas é quase como se tivesse conhecido pois esta história foi-me contada pelo Victor e pelos outros irmáos sempre acompanhada de muita mágoa e muita dor. Ele é o Tio dos meus filhos e espero que eles vejam nele sempre um exemplo de coragem e de esperança. Um abraço grande para todos e em especial para o Ruca que tenho o gosto de ouvir na TSF.
Sou muito jovem ainda mas e doloroso saber que gente que so almejava o “BEM POPULAR” tenha sido tratado como marginais.Viva Rui e todos os martires.
Um dia abordaste a história do teu irmão.
há pouco dei comigo a ver mails atrasados a uma hora inusitada.
Segui o teu link.
O meu irmão chama-se Rui.
Ontem chateei-me à séria com ele, como nunca.
De repente tudo mudou.
Agradece por mim ao teu Rui.
Rui era o meu melhor amigo nos tempos em que frequentei o liceu antes de ir para a Faculdade.
Era como Mila (agora minha melhor amiga) o descreve.
Inteligentíssimo.
Gentil, ponderado, controlado, amável, e brincalhão.
Também pássei algumas tardes de sábado com ele, na biblioteca que organizava(do Padre). E aprendi muito , porque Rui gostava de passar o que sabia. Gostava de partilhar suas ideias. MAs jamais percebi nele um cunho político. Talvez porque essa questão não me interessasse .
Não sei quando o vi pela última vez, mas a última imagem que me vem à memória, o baile dos finalistas, que juntos haviamos porganizado. Eu e ele eramos os lideres dos eventos do Liceu. Eu, porque queria agitação. Ele , porque já nasceu para ser lider.
ó me consola o facto de saber que Rui está melhor do que nós, que se livrou de tanta chatice aqui da terra, bem cedo, se poupou. Nossas almas haverão de se encontrar novamente.
Quero agradecer a Mila pela biografia de Rui . Foi uma vida linda que valeu a pena ser vivida. Para não falar do lindo fruto que deixou, seu filho Ruca.
Rui, uma pessoa de quem só tenho coisas boas a recordar.
Um herói.
Milita, foste heróica !…
Sinto-me orgulhosa de ti!
Pasmo, pelo modo como tudo viveste… Por eessa força interior que te manteve, sempre, de pé e que continua a pautar a tua vida!…
Que prazer sinto, em chamar ao teu filho e meu sobrinho,Tukayana!!!
Ontem,hoje e sempre pela Verdade e pela Justiça TUKAYANA!!!
A tia que te adora,
Tininha
Sim.Eu conheci o Rui.Fui professora na escola Vicente Ferreira,colega dele.As Lembranças guardo-as.
Bem hajas Rui.
Helena
Fui professora na Escola Vicente Ferreira.Conheci o Rui.As lembranças guardo-as.
Há pessoas que nunca se esquecem.
triste basta apenas lamentar coragem minha irma que um dia estaremos livres desses maniacos.
Eu vivia em Benguela na altura e ainda hoje sofro muito pelos amigos e conhecidos desaparecidos. Recordo a angústia de uma colega minha de escola que nos deu a notícia do desaparecimento do seu primo e nosso amigo.
O terror era constante e todos os dias desaparecia alguém. Ficámos muito doentes e tremiamos muito.
Um Bem Haja ao Rui e à sua família.
O meu nome é Rui Coelho e nasci em 1977…
Desde 22 Janeiro estou a viver em Angola. Ocasionalmente vim visitar esta página e conheci a história deste meu hómonimo. Não pude deixar de me emocionar com este relato, tão simples, mas tão bonito, tão cheio de Amor.
Não conhecia este facto histórico, mas tentei desde já saber algo. A identidade de um povo faz também destes momentos e da capacidade de se falar deles sem complexos, porque com os erros, também se aprende.
Um grande bem haja a todas as vitimas deste negro, em especial ao Rui, que nunca conheci, mas que me muito me tocou.
os anos passao e a levrança continua. se nao fizermos nos mesma, quem fara por nos.entao irmaos, amigos, familiares e vitimas do 27 de maio. eu e aminha equima estamos a trabalhar num projecto sobre o 27 de maio. gostariamos mais imformçoes paupaves sobre o 27 de maio.
ja temos algumas cartas deixadas por homens que desaparecerao. mande mais imformacoes para a nossa caixa de correio (***@***)
vamos por as cartas na mesa..
Estava a “navegar” e encontrei este depoimento que me sensibilizou imenso e fez recuar as memórias e as lembranças, do tempo, do momento, boas e também menos agradáveis. Fui estudante na Vicente Ferreira até 74 e fui aluno do Rui nesse ano. Marcou-me muito o seu frontalismo mas fundamentalmente a convicção do seu idealismo social. O meu pequeno registo a sua memória e um respeitoso abraço onde quer que hoje esteja. A lembrança existe!
Tentava encontrar colegas do meu tempo de estudante da Escola Vicente Ferreira e chamou-me a atenção o nome Rui Coelho, pois meu marido tem um tio com o mesmo nome, também tio do saudoso Jorge Perestrelo, todos do Lobito. Li toda a homenagem de Mila ao Rui. Uma história verídica, linda mas com um final tiste. Fez-me relembrar muitas coisas que eu não gostaria de lembrar. Eu antecipei a minha saída de Luanda em Maio/75, porque meu pai e outros 4 colegas de serviço foram presos pelo MPLA (1-Maio-75). Apesar de todos terem sido torturados, 2 foram torturados até á morte frente aos colegas, meu pai e os outros 2 foram soltos porque foram salvos a tempo. Mas… o psico ficou bastante afectado para o resto da vida. Depressões que não foram tratadas, choros constantes, Momentos de violência, o não voltar a falar no assunto nem ser premitido falar em Angola na sua presença. até que antecipou o seu FIM. Mas eu gostaria de saber quais as disciplinas dadas pelo Rui e Mila, será que algum de vós foi meu professor na Vicente Ferreira? Mila faça-me um favor… receba o meu abraço de grande admiração.
Não conheci Rui coelho,porque sou muito jovem nasci em 1986,mas desde cedo que tomei conhecimento sobre tal facto,pelas Historias que ja li,na escrita de seu filho com o mesmo nome (RUI),sinto muito por tais pessoas que se hoje continuassem em vida,nosso país teria outro rumo.
Mas digo sem medo de errar em Angola existem bons homens,com luta e determinação ainda espero ver por uma Angola melhor,não sei se é por de sermos africanos que muitos dos nossos dirigentes não são civilizados,isto me parece algo igual o que aconteceu no Uganda,no começo de 1972 na mão do general Idi Amin Dada,é o mesmo que vejo na ditadura dos nossos governantes,so fico a pensar Amin era em outras palavras analfabeto,custa-me querer como pessoas que estudaram aceitam serem subordinados de tal DITADURA….
VIVA OS HOMENS ANGOLANOS COM BOAS CONVICÇÕES
VIVA OS HOMENS ANGOLANOS QUE NÃO SE CURVAM AO SISTEMA.
VIVA OS HOMENS ANGOLANOS QUE LUTAM POR UMA ANGOLA MELHOR VIVA OS MARTIRES DO 27 DE MAIO,POR ELES ME FAÇO SENTIR ANGOLANO
Estava à procura de notícias da minha escola. ECVF. Encontrei esta história. Estive lá até 1973. Mais uma lamentável história que nunca devia ter acontecido. Mas, lamento perguntar, onde estão os culpados? Os meus sinceros pêsames.
Sinto-me sem palavras, mais não deixarei de dar o meu contributo. que este país, reflecte sobre a inventada tentativa do golpe de estado.A muita geração atenta a isto!
É tão bom ler tudo isto, transporta-me a uma vida que mais parece um sonho. Será que algum dia vivi
num sitio tão belo, uma infância tão cheia…, por onde andam os meus amigos?Recordo os jogos de futebol na rua, com bolas feitas de meias velhas…
Por onde andam os meus antigos colegas da escola comercial Vicente Ferreira 1972/74? Recordo com saudades o Fernando M. Garrinhas, Ermelinda M. Gaspar, que me perdoem tantos outros, pois a memória já falta. As aulas de desenho c/ o prof. Gato, a Cavalo Branco, etc. Só resta agradecer a todos vós que me transportam a um tempo tão longínquo mas tão próximo para lembrar esses belos tempos que foi a nossa juventude.Adeus , atè uma próxima. Saudações Angolanas.
Caros moderadores, esta biografia do Rui Coelho é da autoria da sua mulher Maria Emília? Agradeço indiquem o nome do autor/a.